quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Ofensivas Camufladas - Manipulação Emocional Parte 2 - O Abominável Senhor Neves - Um Padre Lúcido

1-Nos últimos dias, os movimentos apoiantes do Não no referendo sobre a IVG (pelo menos alguns) têm vindo a defender que, mesmo que o Não ganhe, a lei deve sofrer alterações no sentido de evitar que as mulheres que façam abortos sejam penalizadas, embora estes continuem a ser crimes. Para além da clara hipocrisia que a proposta envolve, há nela implícita uma outra estratégia: procura-se transmitir às pessoas que estão indecisas, ou seja, aquelas que não querem que as mulheres sejam julgadas e condenadas, mas, que ao mesmo tempo, receiam que a IVG se torne uma prática banal, que o voto no Não iria, assim, resolver o seu dilema. Caso a lei viesse mesmo a ser alterada nesse sentido, o voto no Não tornar-se-ía, desse modo, mais apelativo: acabava-se o problema da condenação das mulheres que abortam, mas, ao mesmo tempo, não se caía na anarquia abortiva que muitos ainda temem (um medo que alguns, inteligentemente, continuam a tentar incutir nos eleitores).

Por outro lado, e em clara contra-ofensiva, José Sócrates declara que não mudará nada na actual lei do aborto caso o Não ganhe no referendo. E porque é que digo contra-ofensiva? Porque ao afirmar veementemente tal intenção, o Primeiro-Ministro procura mobilizar os possíveis abstencionistas que até escolheriam o Sim a irem votar. Essas declarações acabam por funcionar como um verdadeiro ultimatum e com uma mensagem muito simples: se não nos mobilizarmos todos, o Sim pode não ganhar e depois não há nada a fazer, pois tudo continuará como dantes.
Esperemos que, para além de simples, também seja uma mensagem eficaz.


2-Sem comentários – os factos dizem tudo: numa escola básica no Cacém, uma mulher não identificada distribuiu um DVD aos alunos, contendo um filme no qual é demonstrado como se faz um aborto. Uma das professoras levou um exemplar para casa e visiou-no, classificando as suas imagens como chocantes. A "Plataforma “Não” Obrigada" fez saber que rejeita este tipo de campanha com utilização de imagens do género dadas a menores.


3-Parece que o paladino da moral pseudo-cristã em Portugal, João César das Neves, defende que a actual lei do aborto devia ser modificada de modo a que as mulheres deixassem de poder efectuar IVGs mesmo em caso de a gravidez ser resultante de uma violação. A pergunta que me ocorre é a seguinte: será que se a esposa de César das Neves fosse violada e engravidasse devido a tal acto ele aceitaria cumprir essa lei de bom grado?


4-O padre Manuel Costa Pinto, depois daquilo que afirmou recentemente (ver http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1285028), ainda me convenceu mais de que na Igreja Católica Romana, uma instituição com milhares de sacerdotes, apenas existem meia dúzia de verdadeiros discípulos de Cristo, sendo que um desses poucos é certamente ele.

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