terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Caminhos Vários

A pergunta a que iremos responder no próximo referendo está isenta de moralismos, é certo. Intrinsecamente, não é totalmente possível encará-la como tal. A resposta que iremos dar contém em si todo um conjunto de aprendizagens e de valores que nos foram transmitidos e que buscámos. É por isso que a discussão em torno do referendo acabou por, inevitavelmente, fazer emergir uma série de impulsos que dão origem a opiniões que nem sempre estiveram ou estão bem fundamentadas. Ou seja, de acordo com a realidade.

Se é certo que todos vivemos de acordo com determinados princípios que não são elementos fixos durante a vida que viveremos (mais curta ou mais longa, não importa), também é certo que a reflexão sobre a vida não deve ser feita de modo dogmático. Se formos realistas, se nos sentarmos e reflectirmos com frontalidade, concluiremos que o conceito de vida que defendemos é a de uma vida de acordo com preceitos mas também de acordo com itens que proporcionam bem-estar físico e psicológico. Esse bem-estar não é um ideal romântico, é algo que perseguimos realmente durante o nosso percurso, sejam quais forem os caminhos que sigamos.

Defender a vida é defender uma miríade de vidas que possam usufruir de uma qualidade de vida que não passa unicamente pelos bens materiais mas em que, por exemplo, esses bens podem ajudar a melhorá-la. Defender a vida é defender o acesso a uma educação condigna, enquadrada num ambiente familiar estável e de afectos, naquilo a que se possa dar o nome de lar, onde, por exemplo, uma criança tenha vontade de viver, onde se sinta querida e amada, onde possa brincar, onde possa desenvolver-se com todas as ferramentas que farão dela um adulto saudável em todos os aspectos.

Responder SIM no referendo de dia 11 significa afirmar o direito a essa vida, de uma forma não dogmática. Responder SIM não significa obrigar as mulheres que não querem abortar a fazê-lo. Não significa nem deve significar um incentivo ao aborto. Significa apenas que as mulheres que OPTAM por fazê-lo têm ao seu dispor dois caminhos, duas escolhas. Numa sociedade democrática, é disso que deveríamos também estar a falar.

1 comentário:

Moinante disse...

Gostei da tua página , deixo aqui o convite para visitares a minha .